terça-feira, 29 de novembro de 2011

fora de casa

Tumulto. Pessoas andando, correndo, empurrando. Sobrancelhas franzidas. Eu no meio delas. Eu igual a elas. A rotina do dia, os problemas, o estresse. Tudo me entristece.
Fui até o armário empoeirado. Procurei uma mala preta, pequena. Selecionei algumas roupas básicas sem procurar luxo nelas, apenas utilidade. Pra tempos frios e quentes.
No meu quarto empilhei o necessário. Pus tudo na mala, fechei-a.
Fechei também meus olhos ao sentar na cama. Respirei profundamente. Pensei em como mudaria minha vida, meu dia a dia.
A vontade de me descobrir, de ajudar alguém e ser ajudada cresce como um bolo que recém foi ao forno. Imaginei as dificuldades que passaria longe de casa, se teria comida boa, uma cama confortável e pessoas pra desabafar e sentir-me acolhida.
Levantei e fui em direção à porta de casa. Parei e me virei, olhei meu lar seguro e confortável mas virei a chave. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e limpei-a em seguida.
A minha fé em tornar-me espiritualmente mais madura falou alto. Era tempo de ir em busca de humanidade. E foi o que eu fiz.
Sabia que o dinheiro não viria fácil, que levaria tempo para achar um lugar quente como o que eu tinha, e pessoas que, por mais que tivessem defeitos, fossem passivas o bastante para me ouvir e orientar pelo bom caminho.
Vi muita pobreza, muita sujeira. Meu coração nunca tivera sofrido tanto além dos noticiários. De um lado sofre-se de obesidade e do outro de miséria. Porque é que num mundo globalizado e tão evoluído tem uma grande parcela cujos meios de sobrevivência são precários? E porque não se pode ajudá-los? Que mundo é esse?
Embora seja um lugar ainda muito defeituoso, é onde eu dou valor ao meu ambiente. Onde me sinto em vantagem quando vejo a desigualdade, o sofrimento.
Passamos muito tempo a reclamar, a sofrer por motivos tão singelos perto do que existe de ruim, do injusto mesmo. Não são suas escolhas na vida que podem fazer você desanimar. Ora essa, como se fazer escolhas fosse ruim.
É claro que erramos, mas também acertamos muitas vezes. E é preciso tentar SEMPRE, pois além do nosso mundo existe um outro muito maior e que anseia pela sua ajuda.


... voltei pra casa. Abracei meus pais, chorei de alegria.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

sutilmente


Hoje o sol me pareceu um tanto opaco no começo do dia, mas bastou chegar no final da tarde para eu poder apreciar seu brilho. Ainda bem, não foi um dia perdido. E isso graças às próprias pessoas. Aquelas que fazem o sol se esconder de mim e, ao mesmo tempo, o fazem surgir quando penso que não virá mais.
É engraçado como nós, humanos, lidamos com nossos medos e receios. Uma hora achamos que nossas atitudes vão dar em nada, e logo depois podemos ver como somos brilhantes para uma ínfima parte da população, ou simplesmente para alguém. Afinal, somos seres pensantes e sensíveis. Ainda bem.
No entanto, nosso pensamento é o que nos consome. Queremos sempre estar em equilíbrio seja com a natureza, seja com os edifícios, seja com o nosso quarto, com nosso tempo, com nossa alimentação. Enfim, passamos os segundos a manter em perfeição nosso yin yang. Mas tem uma coisa capaz de existir além do nosso possível controle racional,é lidarmos constantemente com outros seres humanos. Outro sentimento, outra vida como a sua, podendo ser mais difícil ou mais simples.
Fácil seria se o mundo fosse somente eu, ou você, e o resto todo funcionasse da forma que pudéssemos escolher. Mas como sabemos que não é assim, temos que lidar não só com emoções próprias e um tanto inconstantes,imaturas, indesejadas, desesperadas. Temos ainda que lidar com a do próximo, ou melhor, de pessoas que, como nós, também assim o são.
Mas tudo isso seria somente trágico se não fosse também a própria solução para os problemas. Falar algo que machuca, dizer adeus, desgostar de alguém nunca foi fácil para quem sente. E é ai que nós temos o dever e a brilhante capacidade de saber falar, de saber se COMUNICAR de forma humana, já que somos humanos e gostaríamos de receber esse tipo de tratamento. Mude sua atitude, seja em que situação for.
Em falando de situações, pense como um adeus é muito pior por telefone, por mensagem. Podemos, além de olhar nos olhos, deixando de lado o egoísmo de querer 'acabar logo' e saber que ali tem um alguém que sofre, abraçar, explicar, ser verdadeiro e constante para quem mais precisa no momento. É claro que a dor sempre estará lá, mas de forma amenizada para a um bom consolo.
Acho curioso que pensamentos diversos sempre nos rondam. Estamos bem num namoro, ou com a família, na faculdade, e no entanto, vem um anjinho do mal falar que tem algo errado, ou que você está muito confiante de si. As vezes é verdade, muitas vezes não.
Seria tão mais fácil se nos preocupássemos menos com esses micro problemas de forma a fluir na vida, em nós mesmos. É necessário que tenhamos sempre confiança e amor próprio, para que tenhamos um porto no momento do aperto. Porto esse, que é eu mesma, que é você mesmo. E ninguém melhor para saber o que passa aqui e aí dentro do que nós mesmos.