segunda-feira, 24 de junho de 2013

Profundezas de um mar inquieto


Meu mar,
Um oceano tão cheio, mas por vezes tão silencioso que me dói.
Quando eu quisera gritar, espernear, ele simplesmente mostrou-me que todos os seres habitantes estavam em profunda meditação.
Meu coração virou pó. Minhas emoções sufocaram no meio das águas dos meus conturbados pensamentos involuntários e angustiantes.
E porque falar de mim se quem vive aqui não é só eu, mas um bando? Nada depende só de mim, e eu sozinha já sou um vasto campo que hora respira lentamente, hora cai em correnteza que quase mata, fere.
Tudo parece normal, calmo demais e superficial demais. Não tenho coragem de mergulhar, às vezes, nesse meu mar. As profundezas podem me assustar, meus medos podem ser reais e aí a minha esperança é morta. Não quero entrar, mas fico angustiada do lado de cá, dessa vista tão observadora que quase tudo permite, sorri pra não passar a verdade que corrói.
Porque, lá no fundo, pode ser que os habitantes sejam mesmo como aqui em cima, e talvez eu só necessite de um remédio tranquilizante pra minha imaginação não ir tão longe. 
Mas eu continuo aqui em cima, como se não pudesse chegar lá.
Não me deixo, e não me permitem. Os seres que habitam são egoístas demais pra compreender meus momentos. E momentos são humanos, só que eles não são humanos. Os terríveis seres do meu mar.
Eu não queria correnteza ou águas paradas. Eu só queria nadar e ter um caminho pra traçar e chegar. Não queria ficar aqui parada imaginando o que pode ser. E enquanto eu não me movo pra algum lado, eu simplesmente movo minha imaginação.
Às vezes jogo pedrinhas na superfície, pra ver se faz algum movimento lá embaixo e algo sinta que estou ali, viva.
Às vezes eu só fico calma também pra fingir que está tudo bem, mas no fundo eu queria ver as cores do meu mar.
Só queria que meu mar fosse realmente meu, e que eu pudesse compartilhá-lo. Mas ele está distante de ser assim, visto que, em comunidade não se vive nosso mundinho, se não morreríamos ou suicidaríamos.
Ser ou não ser, já dizia Shakespeare.
Belo filósofo, observava o seu redor com as pupilas de um andante. Na verdade, somos todos meros observadores do nosso eu, do que almejamos e pra onde vamos. Só que não somos o que queremos, e tampouco queremos o que somos. Temos inseguranças, medos, paixões, desejos. E tudo é um mar complicado, são as profundezas da nossa verdade mais sincera.
Não temos superpoderes, não sabemos ler a mente das pessoas e nem adivinhar quando um “eu te amo” pode ou não fazer uma pessoa agir conforme o que sente. Por isso não é fácil viver num mar tão vasto, tão duvidoso e incoerente. A única coisa que com toda a certeza podemos fazer é acreditar em nós mesmos, a fim de ter esperança de que lá no final o mar possa ser o que a gente sonhou. Mas, até lá, seremos taxados de idiotas, ingênuos e carentes.
Ou, não precisamos ir muito longe, pois até mesmo antes disso os cientistas já nos avisaram de que no fundo tem seres feios, monstruosos e que não vivem com um pontinho de luz se quer.

E podem acreditar que, por incrível que pareça, sou uma pessoa otimista.

2 comentários:

  1. "Qual de nós
    foi buscar o que já viu partir, quis gritar, mas segurou a voz,
    quis chorar, mas conseguiu sorrir?
    Quem eu sou pra querer entender
    O amor..."

    ...E quem é o amor pra querer entender o mar!?!?

    ResponderExcluir
  2. E - sim - lá nas profundeza há luz sim! Para enxergar basta fechar os olhos e deixar que seu coração veja por ti.

    ResponderExcluir